sábado, 27 de outubro de 2018

Morte (Ñ) Figurada

[Clara Lieu - Failling Figures/no. 35]



Aceito a frieza do "Cara Julia...", depois dos bons momentos a dois
Só não aceito a sua hipocrisia de pousar de bom moço.

domingo, 16 de abril de 2017

A passagem das horas

[Salvador Dali - Galateia Of The Spheres]
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Os dias tem passado, quase sem querer, sem um olhar atento. As emoções superadas, ou assim parecem ser, permitem o diálogo entre dois amantes de outrora. Tempos idos, tempos vindos. O olhar perscrutador ainda vigora, às vezes, fingindo não olhar ou olhando de relance quando o outro, (fingindo também, talvez) não vê. Não mais (talvez) como no poema de Ana C., o qual sempre me vinha com um sorriso no canto dos lábios, por nos ver poema(dos): "quem caça mais o olho um do outro?". Retoma-se, nesse interstício do nosso não-romance, o filosófico enigma do "Decifra-me, ou te devoro". Há ainda o que decifrar em (de) nós? Decifrar a quem, afinal? Devoramo-nos, sempre, ora com tanto zelo e ora tão displicentemente pelo tempo, que quando se dá conta, já não é mais, na sua presente (im)perfeição dos dias passados.

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quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Parecia poesia, a tristeza (II)


Creditava ao olhar profundo, aquele em que se mergulha na alma e com (c)alma, à profusão do desejo. Evitava olhá-lo então, desde que se conheceram, a fim de evitar os dissabores que como incauta experiente reconhecia ali, numa antevisão de futuro. Os olhares distraídos, nunca encontrados, davam certa tranquilidade a uma inquietação que quase não aparecia. Os olhares distraídos, encontravam-se, em horas de descuido e arrancavam sorrisos. Até que os olhares não mais estavam distraídos, mas se procuravam, como uma ante câmara do desejo. Desejos, paixões. Essa coisa humana a ser evitada, evitando contato, evitando toques, evitando um ao outro. Hoje, os olhares não mais inquietam e nem incomodam; hoje, os olhares não refletiam desejos. Os olhares deixam apenas ver o cinza das nossas horas e desejos relegados ao passado, recente, mas passado. As minhas dores, o seu toque, uma brincadeira de dedos se cruzando no ar para identificar o local da dor. Talvez ali, naquele ar, identificamos a dor e voltamos aos nossos silêncios, aos nossos olhares que não precisam mais se esconder ou fugir, as nossas palavras não ditas de encontros e desencontros. A vida segue. Creditava então, às palavras, o encerramento dessa correspondência (sempre) incerta.

domingo, 4 de setembro de 2016

Parecia poesia, a tristeza (I)


"O vento gritava 
o silêncio 
que calava"

domingo, 12 de junho de 2016

Não foi, não será (V)

Eno Henze - Tomorrow will be like today


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Não pode haver palavras
ao que de princípio e pressuposto 
(re)conhecia como precipícios.

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segunda-feira, 21 de março de 2016

Bastidor

[Edward B. Gordon]

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Protagonista do Subterfúgio
dos novos enredos
os conhecidos pontos-finais.
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