[Salvador Dali - Galateia Of The Spheres] |
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Os dias tem passado, quase sem querer, sem um olhar atento. As emoções superadas, ou assim parecem ser, permitem o diálogo entre dois amantes de outrora. Tempos idos, tempos vindos. O olhar perscrutador ainda vigora, às vezes, fingindo não olhar ou olhando de relance quando o outro, (fingindo também, talvez) não vê. Não mais (talvez) como no poema de Ana C., o qual sempre me vinha com um sorriso no canto dos lábios, por nos ver poema(dos): "quem caça mais o olho um do outro?". Retoma-se, nesse interstício do nosso não-romance, o filosófico enigma do "Decifra-me, ou te devoro". Há ainda o que decifrar em (de) nós? Decifrar a quem, afinal? Devoramo-nos, sempre, ora com tanto zelo e ora tão displicentemente pelo tempo, que quando se dá conta, já não é mais, na sua presente (im)perfeição dos dias passados.
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