sábado, 28 de julho de 2007

O silêncio das borboletas

"O que mais poderia ser? O silêncio me edifica e através dele falo com você... ou recorro, inutilmente, as palavras silenciadas desde o momento que meus olhos vislumbraram-te. Ao dar voz ao meu silêncio, percorre um tremor no meu corpo que não controlo. Borboletas populam meu estômago e regurgito minha ilusão: você não ligou para mim, ligou para sua curiosidade. Aos poucos, o silêncio volta e encontro-me, enfim, ao norte de mim, com quilos a menos de ilusão e quilômetros a mais para trilhar, e driblar, os reveses do vislumbrar-te"

sábado, 7 de julho de 2007

Releitura

"Bateram à minha porta em 6 de agosto,
aí não havia ninguéme ninguém entrou,
sentou-se numa cadeira
e transcorreu comigo, ninguém.
Nunca me esquecerei daquela ausência
que entrava como Pedro por sua causa
e me satisfazia com o não ser,
com um vazio aberto a tudo.
Ninguém me interrogou sem dizer nada
e contestei sem ver e sem falar.
Que entrevista espaçosa e especial!"
Neruda

"Bati a tua porta perto de maio,
na dúvida se me atenderia
entrei mesmos assim, sentei-me numa cadeira
e transcorreu comigo, o ausente.

Nunca consigo esquecer o silêncio daquela ausência
Que entrava como poema em sua causa
E me satisfazia com a sua voz ausente que lia-os
Como uma possibilidade aberta a tudo.

Alguém me interrogou sem dizer nada
E continuei sentada a cadeira a espera do ausente.

Que espera(nça) espaçosa e especial!"
Releitura - Monica Mamede