sábado, 30 de junho de 2007

[Imagem: Irisz Agocs]

"Ela ficava olhando pela janela
vertendo seu único olho pela janela
com o pé em cima da janela
Ela ficava olhando pela janela
O dia inteiro o olho, o pé, a janela
em cima embaixo pelos lados da janela
Ela ficava olhando pela janela
um dia ela cansou de olhar e fechou a janela
mas era dura e não fechava a janela
Ela ficava olhando pela janela
às vezes tentava mas logo
esquecia da janela
que sempre aberta com um olho e um pé a janela
Ela ficava olhando pela janela
até que um dia seus pensamentos
dissociaram a janela
que caiu inteiriça, e era uma caída janela
Ela ficava olhando pela janela
que não era, nem existia como janela:
Ela ficava olhando pelo buraco"

Ana Cristina César

sexta-feira, 15 de junho de 2007

"Nada, Esta Espuma

Por afrontamento do desejo
insisto na maldade de escrever
mas não sei se a deusa sobe à superfície
ou apenas me castiga com seus uivos.
Da amurada deste barco
quero tanto os seios da sereia"
Ana Cristina César

segunda-feira, 11 de junho de 2007

"Eu olho o infinito do
teu sorriso e
rio com minhas divagações
de futuros [in]certos.
O cisco cai no olho,
como desculpa perfeita
de uma tristeza certa,
e mil estrelas percorrem
a face que você
custa em se demorar a olhar
E parto em mil pedaços
os poros que respiram você!"

sábado, 9 de junho de 2007

"Saudade é sentir tanto
e não saber dizê-lo,
é querer estar perto,
sentir a respiração,
o timbre, o olhar
e a distância impedir.
É querer correr ao encontro
e o desencontro chegar primeiro,
é ter tudo e nada acontencer.
Saudade são estas palavras
sem resposta (!)
e, ainda assim, enviá-las...
É ter esperanças reticentes
em tempos [in]certos
É ter você 'me cutucando'
as idéias e aguçando
minha vontade de você!"

sexta-feira, 8 de junho de 2007

"Eu quero um riso teu (!)
para colocar na caixinha do amanhã
e quem sabe vê-lo depois do
dia de amanhã
com um riso menos dolorido
de esperas ásperas e agito
dos silêncios palpitando no
dia de ontem,
enquanto hoje você se decide se amanhã,
quem sabe, será!"

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Às vezes sinto tanto
que nem sei quanto ainda me cabe,
e nesse aguardar de silêncios
sem timbre na poesia
colorindo sua ausência
nas paredes pixadas
de saudade"