quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Hai Kai - Variadas Séries [ou Humor Inglês?]

1. Série: Nem tanto pedagógica
"por tal os professores
acreditando no portal dos milagres
crê-se mais em suas mil lágrimas!"


2. Série: Freud esqueceu de explicar
"Sair sozinha comigo ou com ego (?)
id só imagine, superego só reprime
quem se fode mesmo é o
ego!"

sábado, 3 de novembro de 2007

Para aprender a ler-me

"O último poema rasguei-o
não soubeste ler-me ainda
"
Monica Mamede


"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música.
Tem peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a
ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de
uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa
uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o
imaterial peso da solidão no meio de outros"
Clarice Lispector

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Hai Kais - Série: Quintas

1.
"pode[r de] alguém discursar
[n]a multidão
o próprio anti-discurso na prática"


*********
2.
"blá blá blá
contradições na aula
álb álb álb"

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Rascunho

"Harmonia
Ele canção
Ela poesia
canto de olhares
silêncios poéticos
Composição
Ele no canto
Ela pó(ema)"

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Fim de tarde ou fim das ilusões?

"Queria tocar a música
das tuas sensações
ao cantar as melodias

deste dia
Poesia viva
que sinto ao sentir-te
tão próximo de
"será" persiste
em cada linha das
percepções desta noite
"

*modificado em 15/10

sábado, 22 de setembro de 2007

Acaso = Você = Poesia

"Não nego que sabia ver-te ali, mas não onde-como. Mas foi assim, ao acaso. E senti meu enrubescer e o teu, será(?), desconcerto. Silêncio claro, porque qualquer palavra poderia estragar essa poesia. E agora? TEmpo-tempo, bate papo com os amigos. Te vejo cortar o caminho para me cruzar, finjo não perceber isso (não poderia deixar-te sem graça) e aquele oi, mas já não haviamos falado oi (?), mas sim... bochechas pedem beijos, corpos pedem abraços. Silêncio, porque estragar a poesia deste momento tão sem palavras. E claro, horas e horas de espera para um novo acaso, e a tragédia toda da poesia perdida. Sempre assim, verso a verso que se desfaz no instante seguinte. Sim, nos vemos nos lados opostos e fingimos não nos procurar, não nos ver e não sorrir com cada verso pensado. Mas o novo ato, vem com a poesia mais persistente. Sim, há palavras. Mas são compulsivas, em minutos esgotam-se todos os assuntos que poderiam ter sido conversados a noite inteira. Instantes de silêncio, sim porque não (?), e claro, o silêncio que formula todos os versos para escrever assim que o papel e a caneta forem oportunos. O silêncio abraçando e abrassando-nos em cada suspiro e olhar é o melhor recôndido. Promessas de uma conversa depois: trabalho, preocupação, lazer, desprazer. Desencontro. Sim, quem sabe no próximo acaso... mas foi bom essa ilusão-verdade do teu desconcerto, do teu cortar o caminho, da compulsão e do silêncio. Desta poesia inscrita em cada acaso. "

Micro-conto 2

"E nestes acasos
você é a poesia
dos meus dias"

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Micro-conto 1

"Porque eu não te resisto (!)
e existo por acaso
nos teus dias"

sábado, 25 de agosto de 2007

:: sensações ::

"As palavras emitidas sem destinatários específicos não esperavam respostas, mas estas vieram em prontidão. Não eram palavras à você, ao menos, não diretamente. Mas confesso, que os olhares, guardados desde aquele dia, em que tocava em seu violão suas vibrações, cedendo aos meus pedidos e compreendendo minhas vontades não definidas, transbordaram aquele dia. Mesmo que as íris tivessem obstáculos, sabiamos a direção do olhar em cada tirimbar das cordas vocais, mas sem ilusões de expectativas vãs... Queria e esperava vê-lo a noite, como por acaso, e tentar olhares, mais por angariar sonhos do que por convicção da correspondência e vi, distante, sem nenhuma possibilidade de ver-me. Sem querer, no entanto, inicia-se uma conversa... cada gesticulação das mãos convulcionadas e das palavras, às vezes perdidas em meio aos pensamentos, olhares... E no fim da festa, um tão tradicional: "Será?". Encontros ao acaso, será um dia... ?"

Do silêncio que virou mudez...

"Você é surdo?
Perto de você é impossível controlar as batidas taquicardíacas do meu coração que oxigena suas sensações por todo o meu corpo, mas você se ri de mim porque pareço muda diante de você.
Você é cego?
Se pudesse ler o braille transcrito em cada olhar que dirigo, em meio a confusão de olhares, os tantos versos que jamais saberá seus. Prefere o som do radinho a pilha, que chia mais que canta, as palavras cata-vento sopradas quase ao acaso, sem destinatário.
Você é/está mudo?
Transborda expressões tão banais a qualquer coisa tão mais banal ainda, percorrendo situações futeis, respondendo esbravejamentos tão levianos e nem sorri, em palavras-gestos, as notas dedicadas a você.
Você está morto?
Que não percebe a vida que corre em cada silêncio meu dedicado as impressões todas que impregnam minha alma de você? Não percebe que meu silencio não é mudez e que natimorto o sentimento não pode esperar mais...
Você não ouvirá mais meu silêncio... cansado, ele a pouco virou mudez (!)"

domingo, 12 de agosto de 2007

Releitura 2


"Sequer conheço Fulana,
vejo Fulana tão curto,
Fulana jamais me vê,
mas como amo Fulana.
Amarei mesmo Fulana?
ou é ilusão de sexo?
Talvez a linha do busto,
da perna, talvez do ombro.
(...)
E Fulana diz mistérios,
diz marxismo, rimmel, gás.
Fulana me bombardeia,
no entanto sequer me vê.
(...)
E sequer nos compreendemos.
É dama de alta
fidúcia,
tem latifúndios, iates,
sustenta cinco mil pobres.
Menos eu... que de orgulhoso
me basto pensando nela.
Pensando com unha, plasma,
fúria, gilete, desânimo.
(...)
Mas eu sei quanto me custa
manter esse gelo digno,
essa indiferença gaia
e não gritar: Vem, Fulana!
(...)
Como deixar de invadir
sua casa de mil fechos
e sua veste arrancando
mostrá-la depois ao povo
tal como é ou deve ser:
branca, intata, neutra, rara,
feita de pedra translúcida,
de ausência e ruivos ornatos.
(...)
Mas Fulana será gente?
Estará somente em ópera?
Será figura de livro?
Será bicho? Saberei?
Não saberei? Só pegando,
pedindo: Dona, desculpe...
O seu vestido esconde algo?
tem coxas reais? cintura?
Fulana às vezes existe
demais; até me apavora.
Vou sozinho pela rua,
eis que Fulana me roça.
Olho: não tem mais Fulana.
Povo se rindo de mim.
(Na curva do seu sapato
o calcanhar rosa e puro.)
E eu insonte, pervagando
em ruas de peixe e lágrima
Aos operários: a vistes?
Não, dizem os operários.
Aos boiadeiros: A vistes?
Dizem não os boiadeiros.
Acaso a vistes, doutores?
Mas eles respondem: Não
Pois é possível? pergunto
aos jornais: todos calados.
Não sabemos se Fulana
passou. De nada sabemos.
E são onze horas da noite,
são onze rodas de chope,
onze vezes dei a volta
de minha sede; e Fulana
talvez dance no cassino
ou, e será mais provável,
talvez beije no Leblon,
talvez se banhe na Cólquida;
talvez se pinte no espelho
do táxi; talvez aplauda
certa peça miserável
num teatro barroco e louco;
talvez cruze a perna e beba,
talvez corte figurinhas,
talvez fume de piteira,
talvez ria, talvez minta.
(...)
Fulana é toda dinâmica,
tem um motor na barriga.
Suas unhas são elétricas,
seus beijos refrigerados,
desinfetados, gravados
em máquina multilite.
Fulana, como é sadia!
Os enfermos somos nós.
Sou eu, o poeta precário
que fez de Fulana um mito,
nutrindo-me de Petrarca,
Ronsard, Camões e Capim;
(...)
E nessa fase gloriosa,
de contradições extintas,
eu e Fulana, abrasados,
queremos... que mais queremos?
E digo a Fulana: Amiga,
afinal nos compreedemos.
Já não sofro, já não brilhas,
mas somos a mesma coisa.
(Uma coisa tão diversa
da que pensava que fôssemos.) "
Carlos Drummond de Andrade
""Se querendo ver Fulano
vejo Fulano tão pouco,
Fulano jamais me vê,
mas como amo Fulano.
Amarei mesmo Fulano?
ou é ilusão de sexo?
Talvez a linha d´alma,
dos gestos, talvez de tudo.
(...)
E Fulano diz profundidades,
diz marxismo, arte e cultura.
Fulano me bombardeia
no entanto sequer me vê.
(...)
E sequer nos compreendemos.
É dono de alta fidúcia,
tem latifúndios, iates,
sustenta cinco mil pobres.
Menos eu... que de medo
me basto pensando nele.
Pensando com unha, plasma,
fúria, gilete, desânimo.
(...)
Mas eu sei quanto me custa
manter esse mistério,
esse silêncio reticênte
e não gritar: Eu, Fulano!
(...)
Como tentar invadir
sua porta de mil fechos
e sua veste arrancando
mostrá-lo depois ao povo
tal como é profundo, raro,
feito de poesia,
de sentimentos e emoções.
(...)
Mas Fulano me compreenderá?
Estará somente em ilusão?
Será de verdade?Será?
Saberei?Não poderei?
Só dizendo,pedindo: Dono, desculpe...
eu sou real, tenho coxas e cintura!
mas não apenas isso...
Fulano às vezes aproxima
demais; até me apavora.
Vou sozinha pela rua,
eis que Fulano me roça.
Olho: não tem mais Fulano.
Destino se rindo de mim.
(Na curva do seu sapato
o caminho dos teus passos.)
E eu calada, pervagando
em ruas de peixe e lágrima
Às operárias: o vistes?
Não, dizem as operárias.
Às amazonas: O viste?
Dizem não as amazonas.
Acaso o vistes, doutoras?
Mas elas respondem: Não
Pois é possível? pergunto
aos jornais: todos calados.
Não sabemos se Fulano
passou. De nada sabemos.
E são onze horas da noite,
são onze rodas de chope,
onze vezes dei a volta
de minha sede; e Fulano
talvez dance no cassino
ou, e será mais provável,
talvez beije na Paulista,
talvez se banhe em Maresias;
talvez me pinte no sonho
indo de taxi; talvez aplauda
certa peça impecável
num teatro barroco e louco;
talvez cruze a perna e beba,
talvez recorte notícias,
talvez fume de piteira,
talvez ria, talvez minta.
(...)
Fulano é todo engajado,
tem um motor na barriga.
Suas palavras são lancinantes,
seus beijos: como saber?,
refrigerados, demorados
em máquina multilite (?).
Fulano, como é sadio!
A enferma sou eu.
Sou eu, a poeta misteriosa
que fez segredo à Fulano,
nutrindo-me de Fernando Pessoa,
Lispector, Maiakovski e Brecht;
(...)
E nessa fase misteriosa,
de contradições extintas,
eu e Fulano, abrasados,
queremos... que mais queremos?
E digo a Fulano: Ainda
não nos compreedemos.
Ainda sofro, ainda brilhas,
somos a mesma coisa.
(Uma coisa tão diversa
que penso e, ainda, não sei falar.)"
Monica Mamede

sábado, 28 de julho de 2007

O silêncio das borboletas

"O que mais poderia ser? O silêncio me edifica e através dele falo com você... ou recorro, inutilmente, as palavras silenciadas desde o momento que meus olhos vislumbraram-te. Ao dar voz ao meu silêncio, percorre um tremor no meu corpo que não controlo. Borboletas populam meu estômago e regurgito minha ilusão: você não ligou para mim, ligou para sua curiosidade. Aos poucos, o silêncio volta e encontro-me, enfim, ao norte de mim, com quilos a menos de ilusão e quilômetros a mais para trilhar, e driblar, os reveses do vislumbrar-te"

sábado, 7 de julho de 2007

Releitura

"Bateram à minha porta em 6 de agosto,
aí não havia ninguéme ninguém entrou,
sentou-se numa cadeira
e transcorreu comigo, ninguém.
Nunca me esquecerei daquela ausência
que entrava como Pedro por sua causa
e me satisfazia com o não ser,
com um vazio aberto a tudo.
Ninguém me interrogou sem dizer nada
e contestei sem ver e sem falar.
Que entrevista espaçosa e especial!"
Neruda

"Bati a tua porta perto de maio,
na dúvida se me atenderia
entrei mesmos assim, sentei-me numa cadeira
e transcorreu comigo, o ausente.

Nunca consigo esquecer o silêncio daquela ausência
Que entrava como poema em sua causa
E me satisfazia com a sua voz ausente que lia-os
Como uma possibilidade aberta a tudo.

Alguém me interrogou sem dizer nada
E continuei sentada a cadeira a espera do ausente.

Que espera(nça) espaçosa e especial!"
Releitura - Monica Mamede

sábado, 30 de junho de 2007

[Imagem: Irisz Agocs]

"Ela ficava olhando pela janela
vertendo seu único olho pela janela
com o pé em cima da janela
Ela ficava olhando pela janela
O dia inteiro o olho, o pé, a janela
em cima embaixo pelos lados da janela
Ela ficava olhando pela janela
um dia ela cansou de olhar e fechou a janela
mas era dura e não fechava a janela
Ela ficava olhando pela janela
às vezes tentava mas logo
esquecia da janela
que sempre aberta com um olho e um pé a janela
Ela ficava olhando pela janela
até que um dia seus pensamentos
dissociaram a janela
que caiu inteiriça, e era uma caída janela
Ela ficava olhando pela janela
que não era, nem existia como janela:
Ela ficava olhando pelo buraco"

Ana Cristina César

sexta-feira, 15 de junho de 2007

"Nada, Esta Espuma

Por afrontamento do desejo
insisto na maldade de escrever
mas não sei se a deusa sobe à superfície
ou apenas me castiga com seus uivos.
Da amurada deste barco
quero tanto os seios da sereia"
Ana Cristina César

segunda-feira, 11 de junho de 2007

"Eu olho o infinito do
teu sorriso e
rio com minhas divagações
de futuros [in]certos.
O cisco cai no olho,
como desculpa perfeita
de uma tristeza certa,
e mil estrelas percorrem
a face que você
custa em se demorar a olhar
E parto em mil pedaços
os poros que respiram você!"

sábado, 9 de junho de 2007

"Saudade é sentir tanto
e não saber dizê-lo,
é querer estar perto,
sentir a respiração,
o timbre, o olhar
e a distância impedir.
É querer correr ao encontro
e o desencontro chegar primeiro,
é ter tudo e nada acontencer.
Saudade são estas palavras
sem resposta (!)
e, ainda assim, enviá-las...
É ter esperanças reticentes
em tempos [in]certos
É ter você 'me cutucando'
as idéias e aguçando
minha vontade de você!"

sexta-feira, 8 de junho de 2007

"Eu quero um riso teu (!)
para colocar na caixinha do amanhã
e quem sabe vê-lo depois do
dia de amanhã
com um riso menos dolorido
de esperas ásperas e agito
dos silêncios palpitando no
dia de ontem,
enquanto hoje você se decide se amanhã,
quem sabe, será!"

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Às vezes sinto tanto
que nem sei quanto ainda me cabe,
e nesse aguardar de silêncios
sem timbre na poesia
colorindo sua ausência
nas paredes pixadas
de saudade"

quarta-feira, 30 de maio de 2007

"Quando entre nós só havia
uma carta certa
a correspondência
completa
o trem os trilhos
a janela aberta
uma certa paisagem
sem pedras ou
sobressaltos
meu salto alto
em equilíbrio
o copo d’água
a espera do café "
Ana Cristina Cesar