sábado, 4 de junho de 2011

Ainda não foi, quem sabe será



"[...] mas virá, cabelos tão negros, rosto quase quadrado, quase largo, quase pálido, olhos perdidos, boca de naufrágio vermelho pesado sobre o escuro da barba malfeita, olho tudo isso que vejo e não tem outra magia além dessa, a de ser real, e vou dizendo lento, vou dizendo leve, como quem tem medo de quebrar a rija perfeição das coisas, e então, no teu ouvido duro, na tua alma fria, e vou dizendo louco, e vou dizendo longo sem pausa - gosto muito de você gosto muito de você gosto muito de você."

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Caio Fernando Abreu